A trama gira em torno de Michele, uma empresária da indústria
de games que coordena seus negócios e sua vida pessoal com mão de ferro. Logo
na abertura do filme, Michele é atacada e estuprada por um desconhecido
mascarado dentro de sua própria casa, a partir daí, começa a receber estranhas
ameaças.
Não se engane, porém, pensando que o filme se prende a
premissa simples de terror psicológico, a identidade do agressor, que a primeira vista pode parecer o mistério primordial que guiará na narrativa, vira só mais um detalhe.
Cheio de ambiguidades e personagens
complexos, o espetáculo fica a cargo de Isabelle Huppert e sua interpretação.
Michèle é uma mulher frigida, distante, mas nós testemunhamos os seus momentos
de maior fraqueza. Não é um longa sobre redenção ou sobre vingança, é sobre
tentar entender quem é essa mulher, desde o seu passado obscuro e cheio de
problemas familiares, até o seu relacionamento com o futuro, mostrado aqui
através do filho dela, tudo é uma incógnita.
A obra é petulante e cheia de audácia. Pessoalmente, devo
confessar que as cenas de estupro me atormentaram por dias, não por serem explícitas
ou pesadas, mas pela forma como a protagonista se porta em todas as situações
de ameaças. Não é um filme que cai no clichê do “pós-trauma”, mas que que
apresenta uma figura feminina extremamente controversa, que se constrói
postura forte e superior a todos, ao
mesmo tempo em que mantém quem a prejudica por perto. Forte e perturbador, é aquele
tipo de obra que a cada vez que você assiste irá descobrir algo novo, algo subentendido que trará margem para uma nova interpretação. A trama sabe trabalhar seus mistérios,
conclui a história ao mesmo tempo em que abre para o público tirar sua própria versão dos fatos.
Concluindo: Não é um filme que vai agradar a todos, e não é algo para assistir por
diversão, mas com certeza é uma experiência cinematográfica e tanto, principalmente, por saber como perturbar o público da melhor (Ou devemos dizer pior?) forma possível.
Nota:9,5/10
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