O maior nome do Oscar 2018, com 13 indicações, A forma da água (The Shape of Water) é mais um dos contos fantásticos de Guillermo Del Toro. Uma grande história de amor, que faz uma
mistura meio estranha de A pequena sereia com A bela e a fera regado a cinema
antigo, o longa apresenta a história de Elisa Esposito, uma mulher muda que
trabalha como zeladora em um laboratório que mantém um homem anfíbio preso em
cativeiro.
Del Toro consegue oscilar entre o real e o surreal com
maestria, usando a Guerra Fria como pano de fundo para sua narrativa e ainda pincelando
racismo e homofobia para criar um paralelo com o romance principal. A paixão do
diretor transborda pela tela.
O casal principal é vivido por Sally Hawkins, que ganha a
sua segunda indicação ao Oscar, a primeira anteriormente como coadjuvante em Blue
Jasmine, e Doug Jones, que você não se lembra pelo rosto, mas tem experiência em
interpretar criaturas. Apesar de separados serem incríveis, o relacionamento
que norteia a trama ainda parece sem tempo para se desenvolvido. Apesar de ser
um filme de duas horas, o inicio do relacionamento é corrido e perde tempo
demais com alívios cômicos que poderiam ser descartados. Octavia Spencer é uma grande
atriz, mas está tão subaproveitada que a única utilidade de seu personagem é
servir como tradutora de linguagem de sinais.
O vilão Strickland, de Michael Shannon começa como uma figura
sombria e de motivações criveis, mostrando como o homem é o verdadeiro monstro.
Um spoiler pequenininho de um diálogo entre ele e Zelda, o personagem de
Octavia Spencer: Discutindo sobre a criatura, o vilão diz que os homens foram construídos
a imagem de Deus. Então ele olha para Zelda e acrescenta “Muito mais a minha do
que a sua”, claramente se referindo sua cor e posição social. Esses detalhes
são ótimos para construir a personalidade do personagem, uma pena que no ato
final as coisas ficam um pouco demais e percam a sutileza.
Mas, se há outra paixão que chama atenção, essa é a do
próprio cinema. Cheio de referências aos clássicos, é bonito e natural como os retratos
da Audrey Hepburn, as músicas de Carmem Miranda e a pequena Shirley Temple aprendendo
a dançar conversam com a trama e a constroem também. O design de produção, a trilha sonora, a
fotografia, tudo é bem amarrado ao longa e a suas declarações de amor.
A forma da água enche os olhos com as belezas que exibe em
tela, apesar de se atrapalhar um pouco na narrativa, a paixão que o diretor transmite
por sua obra é o suficiente para conquistar o público e alguns prêmios.
Nota:8,5/10
Titulo original: The Shape of Water
Gêneros: Fantasia, Drama, Romance
Duração: 2h 3 minutos
Classificação: 16 anos
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro, Vanessa Taylor
Elenco: Sally
Hawkins, Doug Jones, Octavia Spencer, Michael Shannon, Michael Stuhlbarg, Richard Jenkis
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